domingo, 26 de janeiro de 2014

A Barbárie institucionalizada e os Bandidos de farda. Relatos de uma noite chuvosa.



Na noite de 24 de janeiro a policia militar de Belém do Pará deu mais um exemplo do seu despreparo e falta de respeito para com quem paga seu salário. Nesta noite de sexta-feira, jovens artistas e estudantes  promoveram mais uma  feira libertária, ocupando a praça do Carmo com exposição de artesanato, performances artísticas,  troca de produtos, audição de vinis, jam musicais e principalmente troca de afeto  e valorização do ser humano. A feira que já vinha acontecendo algum tempo, caminha na contramão da política de cultural, se é, que se pode chamar de cultura, as festas que são realizadas nas casas de show aos arredores da Praça do Carmo, espaço que deveria ser preservado e, no entanto, as casas de shows atraem centenas de jovens de classe média alta que transitam no espaço sem informação alguma sobre a historia daquele lugar, consumindo além de muito álcool, música com o volume acima do permitido para uma área de patrimônio histórico.  A criminalidade no bairro da cidade velha tem crescido na mesma velocidade em que cresce a conta bancária dos nossos governantes. É claro! É um bairro cercado por varias baixadas onde a população se multiplica sem acesso a informação de qualidade, educação, saneamento,  saúde,  e o mínimo de respeito. Você queria o que? Uma população de jovens bem vestidos e educados? Agora, o que vi nesta noite de sexta feira, foi medieval! Primeiro vi um artista ser agredido por está expondo seu corpo numa performance artística. Um grupo de seguranças vestidos de preto e com cassetetes na mão o agrediam com palavras homofônicas e ameaças, quando as pessoas em volta tentaram explicar do que se tratava, também foram agredidas com palavras e ameaças. Estes seguranças ( até agora me pergunto porque são chamados de seguranças se só causam desordem?)  ficam vigiando carros no local e exigindo cinco reais adiantado para os frequentadores das festas. Este tipo de cobrança é ilegal, é uma extorsão. Com a possibilidades de agressão por parte dos seguranças, os jovens então resolveram chamar a polícia. Eis o que aconteceu segundo meus olhos. O que eu vi foi o soldado Luigi Barbosa da Policia militar de Belém levando um jovem (Daniel) aos empurrões  acusando-o  de desacato, e na tentativa de obter explicações seus amigos e sua namorada foram respondidos com socos pontapés e armas em punho, daí em diante as ilegalidades não pararam, espancaram  uma mulher com mata leões, prenderam pessoas arbitrariamente e pra finalizar, solicitaram mais cinco viaturas para o local, o que resultava em dez viaturas e uns 25 soldados no total que desceram da viatura enlouquecidos espancando quem aparecia pela frente, batendo na cara das pessoas, encurralando-as  e dando tiros para frente. Isso mesmo!!!!, Não para o auto, para frente, rifando  vidas, do jeitinho que ele aprendeu na academia. Foi uma cena dantesca. Em meio às agressões, a tortura e a chuva intensa não tivemos como anotar nomes, filmar a grande parte, mas mesmo assim, todos nos encaminhamos para a delegacia naquela madrugada chuvosa, para além de registrar a violência sofrida, termos que assistir o cabo Luigi Barbosa ter que assinar o TCO como vítima. Realmente, compreendemos que todos que estão na polícia militar, são vitima de um sistema excludente que precisa de cães de guarda para proteger quem tem dinheiro. Mas no caso deste  aspirante, o melhor termo é incapacidade mesmo, já que ele além de ser de família “bem sucedida”, estudou em colégio marista, o melhor centro de cooptação de uma cultura cristã/eurocêntrica, (tudo isso pode se substituir por cultura racista e discriminatória), mesmo assim, hoje em dia o que ele é? Um pau mandado que agride mulheres e pessoas inocentes para tentar ter autoestima, ou reconhecimento do restante  da sua quadrilha. Agora me digam, é esta a policia que pagamos para manter a ordem? Para reprimir jovens em shoopings, praças e manifestações? Policias que na sua maioria, são corruptos, violentos e aproveitadores?
Também não consigo parar de pensar sobre o que é um corpo nu numa praça pública. Sobre como o corpo  nu, livre e feliz causa medo, incomodo, ao ponto de transtornar um ser humano. Pura balela! Até isso querem nos dizer como usufruir, só permitido ver corpos nus, entre quatro paredes, na televisão, no big brother, que subjuga a mulher e a coloca como um prato de carne na prateleira de um supermercado. Isso é imposição do colonizador, que tinham vergonha dos seus corpos fétidos e deformados pelas doenças do além mar. Mulheres. Não posso deixar de falar aqui, sobre como a cada dia que passa me encanta mais este SER. Que é beleza! Que gera a vida! Que mata e morre por amor! Que é leal aos amigos e seus verdadeiros amores e convicções. Arrepio-me e me encho de orgulho das mulheres que estavam no corpo a corpo com o dragão da maldade, guerreiras Icamiabas, morrerei contando a todos nossos descendentes o tamanho de vossa coragem, não preciso citar nomes pois nos sabemos os olhares que se cruzaram durante a batalha!!
Amo Vocês e continuemos a luta!

Rodrigo Ethnos

Um comentário:

net_admin disse...

O texto é maravilhoso, a cena é deprimente. E o pior, é o estado de polícia GLOBAL. Trágico fim de liberdade e de direitos pela/para cidade.